NATAL
– Renascer do nada
– Renascer do nada
Elen de Moraes Kochman
Deixo fluir o espírito do Natal
que bate forte, no fundo do meu peito.
Permito esvair-se de mim todo o mal,
a mágoa… e o sofrimento não refeito
pela ventura que possuí um dia,
mas que se foi com os entes que partiram!
Pra exorcizar a grande melancolia
por tantas perdas que outrora me feriram,
por tantas perdas que outrora me feriram,
concedo doer, sangrar toda essa dor
que sem piedade, desluz minha alegria…
No entanto, talvez, quando possível for,
quero mergulhar minh’alma, hoje vazia,
na profusão de luzes incandescentes
que enfeitam, dão vida às noites natalinas…
e avigorar as cores evanescentes
da minha vida… torná-las cristalinas!
Só assim encontrarei algum lenitivo
para aceitar minha crua realidade,
para secar este meu pranto aflitivo
destravado na solidão da saudade…
Para afastar a tristeza abominável
que me rasga a alma com seu punhal,
permito-me afundar no imponderável,
pra renascer, do nada, neste Natal!